Das mudanças do corpo cabem as circunstâncias da vida. Cresço e, ao que amadureço, me escancaro. Aqui há minha porta aberta, onde parte o prolongamento de meus braços e pernas além do meu ego de ator e força circense. Partem minhas palavras em corpo, em carta, em viva poesia, mesmo se em prosa vier a narrativa. Sei que espiam e não deixam pistas, mas, se puderem, comentem... e deixem um pouco da sua carne poética em minha cerne criativa. Experimentem...
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domingo, abril 29, 2012
Sinceros Votos
Meus sinceros votos de alegria
Às tristezas presentes na vida
São dados com a ira da ironia
Solta aos ventos da Cidade Prometida
Ao caos impera o "no time"
Solidão impera no tempo
O discurso de uma só voz
Cadê os meus companheiros?!
Eu grito e a morte espero
Voltar-me a quem não espero
Com uma só voz, manifesto
Andar por aí, tão disperso
A emoção me rasga o peito
O sangue que jorra vermelho
Em vão cantei por perdão:
Condenado por perversão, seu cuzão
As cinzas, o caos
Os incêndios, normal
O olho que vê e não enxerga
Aceita as fatalidades
Por Deus eu imploro
Tio Sam, permissão
Pra rezar pelas almas penadas
Das crianças já condenadas
A dor da ilusão,
O futuro da nação
Aspirar o vazio, o nada
Rebelar-se de mãos atadas
Eu grito e a morte espero
Voltar-me a quem não espero
Com uma só voz, manifesto
Andar por aí, tão disperso
Olho pra você
Zumbi da TV
No zap! A obsessão
Controle remoto da sua razão
Caminhe, faça, morra, coma,
Transe, cague e ande
Não, não vou chorar
Hipocrisia de pensamento
Eu grito e a morte espero
Voltar-me a quem não espero
Com uma só voz, manifesto
Andar por aí, tão disperso
Piso na Cidade Prometida
Megalópole terceiro mundista,
O blues, a lamentação,
O caos, a população
"Superiores" estou aqui,
Não, não quero partir
A minha voz solitária
Vai cortar-vos feito navalha
Eu grito e a morte espero
Voltar-me a quem não espero
Com uma só voz, manifesto
Andar por aí, tão disperso
Leandro Hoehne - 2002
terça-feira, abril 24, 2012
Eu não to ficando louco
-Podemos ser mais, logo,
Na maré que não é nossa,
Nosso barco só pode navegar fora.
O leme quer a contramão
Irmão
-Porque a minha infância foi no morro do CDM e minha juventude o não chorar de um pai morto
-Teme?
Treme... treme memo porque cada ruína é a sua própria história
-E a amizade não consegue saber o que quer porque é refém da própria introjeção da condição que quiseram pra ela.
-Os outros quiseram e querem sempre por você entende?
-Supera isso aí fiii
A gente não pode ter medo do dinheiro, ele é que tem que respeitar a gente.
-Podes crê amizade, podes crê.
-A roda não vai parar,
O bonde tá no trilho
E nossa sintonia se perdendo no ar.
Cê não vê que pode ser diferente?
Chega uma hora que a gente já aceita a miséria como nossa
A violência como nossa
A falta de dignidade como nossa
E a de liberdade também.
Ficar berrando aí, parado, berrando calado na tua vibe própria?
Ficar na fossa?
-Mina, a vida é nossa. Não interessa que você me traiu.
Amizade, a vida é bossa de ritmo falado. Não interessa que você me feriu.
Patrão, a vida é minha e temos o nosso trato. Não interessa o filé mignon no seu prato.
-Não?
-Meu rumo não ta feito. Nenhum bandeirante abriu minha trilha e se precisar subir, não vou de elevador.
-Cada cagada tem seu cheiro,
Cada apreço o seu preço,
Cada destino sua margem de erro
E cada erro tem seu troco.
-Aguarde. Eu não to ficando louco.
sexta-feira, abril 20, 2012
sexta-feira, abril 13, 2012
iPhone de Pandora - o poema
iPhone de Pandora
Pandora's mobile apps
Notes, remotes, facebook, iCloud
What's up
in New York?
E na Vila Nova Iorque
Tudo na mesma.
Everything is possible
on Pandora's iPhone...
Guarda infinitas surpresas.
Surprise!
E lá se vai
Também
The connection between our eyes?
Tantas besteiras poderiam ser evitadas
Enviadas
Via os bluetooths de nossa confiança, não é mesmo?
Mas os segredos, guardados na caixinha eletrônica, são como heras venenosas no prato que comeu.
Hoje é dia de selva bebê
E na selva eu te amo
E te respeito
Sou leão de juba raspada,
Nesse coliseum sou guerreiro.
E da caixinha de pandora tecnológica
Não tenho medo
Não tenho medo
iPhone de Pandora
Modern eletronic simulacrum of greek mythology.
iPhoda.
quarta-feira, abril 11, 2012
terça-feira, abril 10, 2012
Cada qual, cada um
Cada qual com sua reza
Cada um com sua pressa
Cada voz, seu palavrão
Cada limbo com sua escuridão
Cada mano com sua mina
Cada dor com sua penicilina
Cada amor com seu varal
Cada morada com o seu quintal
Cada mês com seu salário... Talvez
Cada escolha com sua altivez
Cada parcela, suas Casas Bahia
Cada baiana com sua mátria minha
Cada pai com sua morte
E cada arma com seu porte
Cada vida com seu norte
Cada tropeço com o seu capote
Cada rua, sua encruzilhada
Cada Oxossi, sua caçada
Cada filho sua pernada
Cada rumo sua calçada
Cada contexto, uma situação
Cada pretexto, algo malicioso
Cada lábia tem seu sexo
Cada homem tem o seu complexo
Cada perna tem sua sedução
Cada hormônio, lugar no tesão
Se for de corpo, cada alma conflito
Se for de cristo, pecado tá dito
Cada mulher, uma beleza própria
Cada razão com sua razão própria
Cada casal com sua fidelidade
Cada moral com sua idoneidade
Cada vontade, o mel da sua boca
A cada mel, uma vontade louca
Na poesia mais uma solidão
Em cada noite um gole de ilusão
Pra cada amor, uma dose a mais
Cada fulgor, abandonado ao cais
Mas a verdade é que a realidade volta
E por dinheiro, a luta é sem escolta
Cada playboy tem o seu nice boot
Cada perfil tem o seu facebook
Cada criança tem seu choro de fome
Seja feijão, ou do que não consome
Cada peão tem o seu trabalho
Cada patrão, à casa do caralho
Eu só não sei se cada qual tem vez
Em ser na vida o ser humano do mês
O ser humano do mês
O ser humano do mês
O ser humano do mês
--
Cada Grécia com sua Tróia
Cada favela tem a nossa nóia.
quinta-feira, abril 05, 2012
Corpomano
É bonito dizer que veio de baixo
É bonito
É bonito
É bonito quando o discurso é operário
É bonito
É bonito
É bonito circular pela periferia
É bonito
É bonito
Bancar de mano e falar na gíria
Se liga
Se liga
Que tem gente querendo saltar no bonde da quebrada nossa
Embassa
Amassa
A massa
A
Massa
Inda vai comprar com a grana o lugar da janelinha
Alinha
A linha
Cerol e rabiola
Bola, embola, embolada
Que nada
Que nada
Roubada
Roubam nosso ouro
E escondem na toca
Se toca
Se toca
No túnel da moral que vem do capital
Assoite
A noite
Fumam nosso verbo
Cheiram nosso senso
Astral
Neural
Brutal
Brisam em nossa cara e gozam no nosso quintal.
Eu tinha que falar
Foi mal
Vendem-se ao político da situação
Resolvem com o Diabo como ficar bem na fita,
Porque em seus caminhos faltam atitudes
Em nossa encruzilhada exu abre caminho e manda bem na rima.
Então passa pra lá e vê se toma jeito
Que é feio
É feio
É feio
Mamãe não te ensinou a ter vida própria
Se importa?
Se importa
De assistir de fora e esperar o apito?
Porque aqui só joga bola quem circula nas vielas convicto.
terça-feira, abril 03, 2012
Corpo Também
Gosto do também
Abre mais que uma possibilidade
Revela a verdade de que nada pertence exclusivamente a nada
De que ninguém é de ninguém e de que qualquer coisa pode ser daquilo que se tem ou não se tem
Também
Há o que há e o que não há
Tambéns ancestrais, astrológicos, astronômicos, míticos, científicos, analíticos, estatísticos, políticos, módicos, lógicos, agnósticos.
O também desmistifica a ciência,
Serve às poesias do mistério
Reage às estratificações do sentido
Perverte a simbologia, inverte o exclusivismo.
Também, não poderia ser diferente, num universo tão cheio de possibilidades
Qualquer desconsideração de que o correto também pode estar errado
De que o aberto também pode estar cerrado
O concreto, abstrato,
O contemporâneo, ultrapassado
De que morto também vive em outro estado,
Serve ao simples fato de que tudo é múltiplo e sempre poderá ser multiplicado.
O também me tira da zona de conforto
Me lança no abismo da incerteza
Me revela ambientes incomuns, paisagens amorfas.
Fortalece o contexto porque dá poder ao depende.
Assim nada será só branco ou só preto,
Só pulga ou percevejo
Depende
Só soldado ou cangaceiro
Viajante ou hospedeiro.
Depende
Também depende de onde me posiciono
Por qual fechadura espia meu olho
Qual envergadura do meu campo de visão proponho,
A qual distância experimento meu olhar.
E, para além da vista,
Enfim,
Ou seja
Também depende,
Assim,
Se estou afim
De encarar a metafísica.